2021-11-04 10:54:35
Jorge Serrano Pinto
General Manager da Softi9
29.10.2021
É comum dizer-se que a pandemia da covid-19 acelerou o processo de renovação da forma de trabalhar, nomeadamente nas organizações do sector terciário. Hoje, creio podermos afirmar que o teletrabalho demonstrou o quão impreparadas estavam as ferramentas para comunicarmos uns com os outros, em contexto profissional, designadamente ao nível das interfaces. Também é possível concluir-se que muitas organizações reduziram os seus custos, ao enviar os seus trabalhadores para casa.
Em casa, a qualidade de vida aumenta. O conforto é outro e, nas grandes cidades, recupera-se o tempo outrora consumido em deslocações improdutivas. Mas, também muitas das deslocações feitas para nos visitarmos uns aos outros foram substituídas por reuniões virtuais, com os respetivos ganhos de tempo e dinheiro.
No entanto, diria que tais ganhos não são iguais para todas as empresas. Em teoria, quanto mais e melhor as empresas tiverem os seus processos “rigidamente” estabelecidos, maiores os ganhos de produtividade. Em sentido contrário, estes diminuem à medida que aumenta a necessidade da interação humana no local de trabalho. Por outras palavras, quanto mais criativo ou inventivo forem os desafios de uma organização, menor a sua produtividade com os seus trabalhadores em teletrabalho.
Porque muitas vezes é vendo alguém que nos lembramos de um assunto; é na pausa do café com colegas que surgem excelentes ideias; uma dúvida que ultrapassamos em 30 segundos, na empresa, demora 30 minutos a ser solitariamente resolvida, através da internet. Uma reunião de coordenação ou de discussão de produto é muito mais produtiva com as pessoas sentadas à volta de uma mesa, desenhando num quadro físico, do que em frente a um computador, usando quadros digitais, levantando a mão virtual para pedir a palavra.
Não esquecendo duas coisas: 1. Quanto melhor e mais consolidados estiverem os processos, mais facilmente estes são automatizados (havendo o risco de, hoje em teletrabalho, amanhã desempregado); 2. É a criatividade e o talento inventivo que cada vez mais nos diferencia da concorrência (e estas são características sociais, incompatíveis com o isolamento profissional a que o teletrabalho nos vota).
Não me entendam como um reacionário anti teletrabalho. Mas creio que ainda não chegámos ao modelo desejado, ao ponto de equilíbrio entre as duas realidades, porque, afinal, somos simplesmente seres humanos.