Humberto Ferreira

Owner, Pragmasoft

Sempre fui muito cético quanto à utilização do termo 4ª Revolução Industrial. A Wikipédia tem uma entrada com toda a descrição do que é considerada esta revolução, e acho importante aqui a colocar:

“A Indústria 4.0 facilita a visão e execução de “Fábricas Inteligentes” com as suas estruturas modulares, os sistemas ciber-físicos monitoram os processos físicos, criam uma cópia virtual do mundo físico e tomam decisões descentralizadas. Com a internet das coisas, os sistemas ciber-físicos comunicam e cooperam entre si e com os humanos em tempo real, e através da computação em nuvem, ambos os serviços internos e intra-organizacionais são oferecidos e utilizados pelos participantes da cadeia de valor.” [Hermann, Pentek, Otto, 2015: Design Principles for Industrie 4.0 Scenarios, accessed on 3 February 2015]

Todos estes termos são uma mescla de tecnologias existentes à data, em que se tentou agrupar num modelo aplicado à indústria… a famosa indústria 4.0. De relembrar que o termo ‘Indústria 4.0’ foi criado pelo Governo Alemão, numa tentativa de informatizar as fábricas e dinamizar a integração de dados.

Para mim uma revolução tem de partir de dentro. Deve ser a própria indústria a motivar e a liderar a revolução.

Esta ‘revolução’ sempre me pareceu algo criado de/para as empresas consultoras. Essas sim, foram das grandes beneficiadoras da Indústria 4.0 no início. Como ninguém sabia bem o que era, mas todos queriam navegar a onda (dos apoios?), as empresas contrataram as empresas consultoras para lhes dizer o que deveriam fazer para elas integrarem essas ‘revolução’.

A revolução foi feita ‘de fora para dentro’.

Não nego as vantagens que vieram da Indústria 4.0, sei dar crédito à aplicação da tecnologia, e também a todo o movimento que a Indústria 4.0 trouxe e permitiu a muitas fábricas modernizarem-se e evoluírem.

E é exatamente este o ponto que eu gostaria de me focar: para mim a Indústria 4.0 é uma evolução, não uma revolução. É uma evolução com a introdução de tecnologias, aumento de produtividade, mas não uma revolução transformadora da indústria.

A próxima revolução industrial terá de ser de ‘dentro para fora’, algo motivado pela própria indústria, pelos Clientes, que provoque uma disrupção nos métodos atuais, senão não é uma revolução, é uma evolução.