APS - Otimização Local ou Global?

2021-11-16 17:19:19

Paulo Barreira
Product Manager da Softi9
15.11.2021



Quando se analisa o planeamento e escalonamento avançado da produção de uma forma mais cuidada, os tipos de otimização, local e global, são aspetos sempre muito abordados.

Henry Ford introduziu este tema, logo no início do século XX, incluindo a otimização local nos seus quatro princípios fundamentais para a melhoria do fluxo de produção, como algo a evitar. Apesar de ainda hoje olharmos com os mesmos olhos para este princípio e observando a otimização global como sendo a forma mais correta para obter o melhor plano final, vamos colocar estes dois princípios em perspetiva tendo em conta cenários distintos. Este tema será abordado sob uma ótica empírica e não académica.

Se considerarmos uma produção de grandes séries, com processos produtivos lineares, onde não existem sectores que limitem a capacidade produtiva, uma otimização global é sem qualquer dúvida o mais consensual. Já quando existe um ou mais setores que podem limitar a capacidade produtiva, não será mais adequado uma otimização local nesses setores? A verdade é que existem empresas que planeiam e otimizam esses setores sendo os restantes planeados em função destes. Estarão elas a comprometer o plano de produção global da fábrica?

Numa produção de pequenas séries, complexidades distintas nos mesmos setores, associadas às várias referências, é já um fator de dificuldade que contribui para a deteção de setores que tenham uma capacidade de produção mais limitada com influência nos restantes. Mesmo que haja alguns recursos bem identificados onde isso aconteça, a sua otimização local pode contribuir para que outros, onde à partida esse problema não é uma realidade, possam também vir a ser. Existem muitas referências, de diferentes complexidades, a concorrer pelos mesmos recursos que se poderão concentrar num mesmo período. Neste cenário uma otimização global é a mais adequada para resolver este tipo de problemática.

A tendência da produção de pequenas séries é cada vez maior, onde o planeamento se torna mais difícil e complexo. Torna-se cada vez mais premente recorrer a ferramentas de planeamento escalonamento e otimização – APS – da produção. Pelo que já foi referido anteriormente, estas tendem a optar por uma otimização global, e este processo, já de si muito complexo, tem por norma uma dificuldade adicional: o fator humano, a resistência dos responsáveis de produção dos vários sectores.

Uma melhor solução global, pode não ser, ou, na maior parte das vezes não é a melhor solução para cada setor. Aqui surge um dos grandes problemas: em cenários complexos não é fácil provar que uma solução menos boa, em setores específicos, contribua para uma melhor solução global.

Voltando ao que foi questionado anteriormente, será que a otimização global é de facto a melhor solução? Na maior parte dos casos podemos considerar que sim, mas tendo em especial atenção alguns setores. No entanto, só é possível a melhor solução depois de estudado todo o processo produtivo de forma bastante cuidada e pormenorizada tornando a fase de implementação de uma solução deste tipo de extrema importância.